quarta-feira, 27 de abril de 2016

JOSÉ POLICARPO ASSINA HOJE A CRONICA DE OPINIÃO QUE ESTÁ A SER TRANSMITIDA NA DIANA/FM

                                                     Equação impossível

Quarta, 27 Abril 2016
O presidente da república Marcelo Rebelo de Sousa no primeiro discurso que fez à nação nesta qualidade a propósito das comemorações do 25 Abril, descreveu de forma rigorosa e imparcial os factos político-constitucionais que marcaram a nossa vida política em Democracia. Quantos aos apelos que dirigiu aos partidos que constituem a representação parlamentar, tenho muitas dúvidas, que, venham ser atendidos.
Na verdade, a atual solução governativa tem fundada a sua legitimidade política em partidos que não acreditam na União Europeia, no Euro, nas regras orçamentais que decorrem dos tratados, como, também, não acreditam na economia social de mercado. Acreditam, porém, num Estado protecionista, dirigista e empresário. Esta visão do papel dos Estados, em minha opinião, está caduca e é contrária ao desenvolvimento e colocará os países e as respetivas sociedades mais distantes do progresso, do desenvolvimento e do bem-estar.
Ora, os apelos que o atual presidente fez aos partidos para que sejam criadas as condições políticas para que haja consensos em matérias como a Segurança Social e o sistema politico, mormente, a Lei eleitoral. Terão, indubitavelmente, as resistências do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. A sobrevivência destas forças politicas, passa, como de resto tem sido a estratégia adotada, pelo confronto, pelo radicalismo e pelo populismo quase primário. Neste último aspeto, o bloco destaca-se largamente.
Por isso, sou da opinião que será muito pouco provável que se consigam encontrar, no atual quadro político, as condições necessárias que permitam encontrar o espaço para que seja possível haver consensos e os respetivos acordos de regime em matérias como aquelas que acima identifiquei.
Assim, afasto-me total e conscientemente do presidente da república, porque estou convencido de que a atual situação politica só se clarificará com a devolução da decisão ao povo. Não porque defenda que devamos andar sempre em campanha eleitoral, mas porque estou plenamente convencido que de esta solução constitui um impasse e o país não pode nem deverá perder tempo.
De resto, o atual governo depende de uma solução política que não só não foi sufragada, como não tem a capacidade de gerar os consensos políticos em virtude das inultrapassáveis divergências políticas e ideológicas que separam os partidos que a suportam.
Com efeito, posso reconhecer o esforço realizado pelo presidente da república no seu aviso à navegação, mas um automóvel com rodas quadradas muito dificilmente chegará longe.

José Policarpo

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