quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

ORELHUDOS DO CARAÇAS - Rubrica de A.N.B.

ORELHUDOS  do CARAÇAS  (35)

i)                   Estados de Espirito
Claro que haveria coisas mais urgentes para desfiar no Al Tejo mas também é verdade que, hoje, entendemos para bem do nosso estado de espirito esclarecer aqui um assunto.
Como sabem há uma mão cheia de anos que colaboro neste espaço e como tal é sempre conveniente ir variando os temas e os títulos. Uma tarefa que nem sempre terá sido bem sucedida.
Por exemplo, este título de “Orelhudos do Caraças” colheu inspiração em dois grandes escritores. Por sinal um deles até é alentejano.
Mas o verdadeiro “clik” para escolha deste título veio-me - imaginem lá - de um grande cantor, de seu nome Marco Paulo. Achei muita graça e inspiração que tivesse dito na Televisão que a sua canção “ Eu tenho dois Amores/ não sei qual gosto mais,,,/ (de resto uma canção poderosa e bonita que foi um enorme e merecido sucesso) era a sua canção mais  “Orelhuda” de sempre.  “Orelhuda” na medida em que entrou muito facilmente pelos ouvidos adentro… até porque Marco Paulo tinha um vozeirão… do Caraças.
Quanto a este segundo termo que também decidi usar, trata-se simplesmente de uma alusão à Tapada que os alandroalenses bem conheceram, ainda recordam e fazia parte do nosso imaginário infantil dado que havia por lá umas feiticeiras, duendes e fantasmas que serviam às mil maravilhas aos nossos ricos devaneios infantis.
Adoptei o título porque estes devem obedecer a algumas regras indispensáveis da comunicação: têm de ser assertivos e bastante apelativos. Explicada a razão, vou ainda acrescentar que um destes dias mudarei novamente.
Estou, aliás, já a pensar num novo titulo que poderá muito bem ser «NEVE PRETA» porque, de facto, existe muita neve preta por cá e por essa Europa fora. E os poetas sabem-no melhor que ninguém.
Adiante.


       ii)          Estado das Coisas
Já todos reparámos que o fadário do Orçamento do Estado português para 2016 acabou mais uma vez por cair-nos no lombo. Como europeísta aceito que haja “regras europeias” decorrentes dos vários tratados aos quais estamos vinculados que devem ser observadas.
O que tenho muita dificuldade em aceitar é que seja «a farta burocracia europeia» da Comissão Europeia ( não eleita por ninguém ) com os seus burocratas tecnocráticos a ditarem as regras do jogo orçamental, de forma a roçar uma quase  intratável arrogância.
Dito de outro modo, os (nossos) interesses nacionais não têm que estar inteiramente subordinados a Bruxelas. Nem podem ser objecto de uma interpretação muitas vezes insensível e abusiva para impor politicas ideológicas perigosas e excessivamente neoliberais que, além disso, correspondem a interesses de outros países, de outras bancos e de outras economias muito mais fortes do que a nossa.
É uma logica infernal que teve e tem, aliás, também cobertura cá dentro e que é preciso alterar para mudar a vida das pessoas e da sociedade. Este modelo de integração europeia na União Europeia  onde uns continuam servos e outros gananciosos senhores não serve porque agrava os desequilíbrios europeus que já não são poucos.
Se repararem bem quem anda a mandar no mundo são os poderes não democráticos. É o caso do FMI, do BCE, da Comissão Europeia, das tais agências de rating. 
Os governos nacionais mandam cada vez menos. Ao que acresce o facto de uns serem mais seguidistas do que outros. Comparem as posições de Passos Coelho com a de António Costa e vejam quem é que deve ser apoiado.
Relativamente ao poder crescente e autoritário de certos estados na União Europeia, não é nada que não se soubesse há bastante tempo. O pior é que, nos tempos actuais, o problema tem tendência a agravar-se sem que novas lideranças politicas consigam travar esta corrida para o abismo. 
E se é uma questão de novas Lideranças procurem-se porque pode acontecer que elas existam mesmo entre as gerações mais novas. Basta olhar para Espanha…
A Europa (e Portugal) não podem ser egoístas, cheios  de castas e de privilégios para uns tantos. A Europa ou é das Luzes e da Democracia… e de apoio aos Refugiados ou, então, dando ou não dando por isso, estamos mais uma vez a cavar e a tolerar novos formas de desumanidade que se virará contra nós. Como foi acontecendo, sem apelo, ao longo do século passado.   

    iii)              Estado da Terra
Se há coisas que  agradam no Alandroal é o facto de não ser uma terra de muitas rotundas daquelas que foram moda gastadora em tudo quanto era país. Assim como nos agrada o facto de não haver a febre da construção em altura. Digamos que «o casco histórico» da Vila, se bem que mal conservado permanece fiel à sua própria história arquitectonica.
Onde as coisas já deviam ter começado a mudar porque começa a fazer-se turisticamente tarde é, em dois ou três aspectos, que vou mencionar sucintamente até porque as verbas do FAM sabe-se que também podem servir para investir nisso mesmo.
Sem mais delongas, repetimos que o Alandroal anda a precisar de ver os seus Fontanários recuperados. Precisa de um Parque Verde de Diversões. Assim como se impunha a criação de uma Área Verde envolvente da Vila.
Ah, e se vier a ser possível (como espero) também devia ser criada a tal Ciclovia no perímetro da Vila. Para os mais novos bicicletarem … e os velhos poderem passear. A saúde publica agradecia. 
  
 Vamos esperar. Até porque,2017, está ao virar da esquina! 

                  António Neves Berbem
                     (4 Fevereiro de 2016)


6 comentários:

Anónimo disse...


«Estado da Terra»

Já agora, também não nos podemos esquecer do estado de conservação lastimoso,
vergonhoso, em que encontram algumas fachadas de prédios antigos...

Anónimo disse...


Comentário das 16:26, do dia 7/2


Dado conhecer bem o Alandroal, deste n.º também faz parte a fachada de António Neves Berbem.

Anónimo disse...



OBS.


Relativamente ao comentário onde sou citado (17.41) vou apenas responder

que está descontextualizado e deslocado. Perdeu-se porque vem marcado

apenas de uma certa"pessoalização" totalmente dispensável e reveladora

dos fins meramente pessoais que pretende atingir.

Tanto mais que se a afirmação poderia estar um tanto próxima da verdade...

não deixa contudo de ser,pelo menos, meia mentira. Procurando assim

atingir casos individuais e não o problema mais geral da Vila. E esse sim

é que nos deve merecer a atenção de todos com o apoio e a superior

orientação da Autarquia.

Creio assim ter respondido assinando por baixo.

Melhores cumprimentos

Antonio Neves Berbem

Anónimo disse...

Sr. Doutor, os casos individuais são o problema mais geral desta e de muitas, muitas outras Vilas, Aldeias e Cidades.

Olhe para Lisboa. Há décadas que MAIS DE 60 MIL EDIFÍCIOS carecem de intervenção.

... e mais não digo porque, uma vez mais, mostrou desconhecimento e, tão sómente, APENAS!!! EM RELAÇÃO A ESTE PEQUENO GRANDE PROBLEMA NACIONAL.

E o que dizer do património histórico?

Apoios: ZERO. Desde há décadas. Com muitos jornais e televisões MANDADAS.

Outro sistema, outro sistema Sr. Doutor.

Este, já quarentão, mostrou e mostra o que vale.

Assim, não.

Com cordialidade

Anónimo disse...

"Outro sistema, outro sistema Sr. Doutor.

Este, já quarentão, mostrou e mostra o que vale."

Muito bem dito: outro sistema.
Tal como o do fascismo, também a democracia já deu o que tinha a dar.
Tudo quanto der daqui em diante é só para políticos e ricos.
Quanto mais tempo durar pior para os que precisam.
E não pensem que vão lá com votos, quando houver eleições a direita ganha com maioria absoluta. Os fazedores de opinião ensinam o povo ao contrário dos seus interesses e é assim que votam, coitados...

Anónimo disse...

Sr. ANB realmente era bom arrumarmos a nossa casa antes de falar das dos outros, neste caso quase literalmente; se sabemos o que está mal e o que os outros, neste caso a Câmara, devem fazer, também devemos assumir o que é nossa obrigação. Se o arranjo dos espaços públicos é obrigação do Município, as fachadas dos prédios privados é obrigação dos proprietários.
Quanto a espaços verdes, gosto deles e acho-os importantes no ordenamento das povoações, mas por favor, vivemos quase dentro do campo, é andar menos de meio quilómetro e qualquer alandroalense está num grande espaço verde, acho importante mas não prioritário no Alandroal.