Escritores
montemorenses já falecidos
Ditosa vila que tais
filhos teve
D. FERNANDO
MARTINS DE MASCARENHAS. Filho segundo de D. Vasco de Mascarenhas
cursou a Universidade de Évora, e doutorou-se em teologia na de Coimbra, da
qual veio a ser considerado.
Foi Bispo
do Algarve, Arcebispo de Lisboa e Conselheiro de Estado. Era considerado um dos
maiores teólogos do seu tempo.
Escreveu:
Tratado de Auxílios, Oficium S. Anton, Ulisipon, Tratado sobre vários meios
para o remédio do Judaísmo, e várias obras manuscritas.
Na Sala
do Exame Privado na Universidade de Coimbra, podemos contemplar um retrato
deste nosso conterrâneo.
Morreu em
Lisboa a 20 de Janeiro de 1628.
D. AFONSO
FURTADO DE MENDONÇA, Era filho de Jorge Furtado de Mendonça e de D.
Mécia Henriques. Principiou os seus estudos em Coimbra e concluiu-os em Lisboa. Foi doutor em
cânones e Reitor da Universidade de Coimbra, Bispo da Guarda e de Coimbra, Arcebispo
de Braga e de Lisboa, e Conselheiro de Estado. Tomou assento nas Cortes que
Filipe I celebrou em Portugal em 1619.
Escreveu:
Ad Lamina Apostolorum, e a Constituição do Bispado da Guarda, além de três
cartas ao Duque de Bragança, que estão na Biblioteca de Évora.
PADRE
ANDRÉ FERREIRA. Foi mestre-escola da Colegiada de Santa Maria de Alcáçova
de Santarém, onde faleceu em 1 de Abril de 1633. Tem uma capela na Igreja da
Misericórdia de Montemor-o-Novo, e deixou escritas as Memórias da Vila de
Montemor-o-Novo.
LUÍS MARTINS
DE SOUSA CHICHORRO. Poeta notável do séc. XVII, escreveu o poema, “Psalmos
de David” em verso heróico português e latino. Deixou em seu testamento para a
capela no Convento de S. Francisco em Montemor-o-Novo, a quantia de um milhão e
cem mil réis, para se dar juros. Foi sua filha D. Maria de Sousa Chichorro, a
primeira administradora da dita capela.
MANUEL BANHA QUARESMA. Bacharel pela Universidade de Coimbra. Foi
advogado da Casa da Suplicação, e residiu muito tempo em Roma, onde era muito
considerado pelo seu saber. Escreveu: “Thesaurus”, “Resolat ad leges municipal”,
e “Ordination”, em português e latim.
AGOSTINHO DA VITÓRIA. Estudou no Colégio do Instituto de S. João de Deus, no qual
foi secretário e mestre.
Escreveu
a “Traslacion del cuerpo de S. João de Deus” – Madrid, 1667; “Instrução de
Noviços da Ordem de S. João de Deus” – Madrid, 1668; “Adicion a la vida de Frei
João Pecador” e a “Crónica da Religião de S. João de Deus”.
FREI DIOGO DE
S. TIAGO. Entrou para o Convento de S. João de Deus em Elvas a 10 de
Setembro de 1703. Ali foi prior, passando depois para Lisboa. Faleceu no
Convento de Montemor-o-Novo em 28 de Dezembro de 1747. Escreveu as “Postilhas
Religiosas” e “Arte de Enfermagem”.
FREI JOÃO DA
CRUZ. Esteve no Convento da Trindade de Lisboa, vindo a ser uma
capacidade em ciências escolásticas. Foi examinador das Ordens Militares,
reitor do Colégio de Coimbra, e definidor e provincial. Escreveu “O sermão na canonização
de S. Luís Gonzaga”, “O Tratado de Potest.” E “Jurisd. Conservatorum”.
JOAQUIM JOSÉ
VARELA. Estudou na
Universidade de Évora. Intelectual entre o reformismo e a revolução, escreveu
entre outras, as seguintes obras:
“Memória
sobre a extinção e supressão das ordens religiosas”, “Memória estatística
acerca da notável Vila de Montemor-o-Novo” (este trabalho, editado em 1817, foi
ajustado pela Dr.ª Teresa Fonseca, e reeditado em 1997 pelas Edições Colibri), “Balido
das ovelhas eborenses”, e “Memória histórica da vida e acções de D. Frei
Joaquim de Santa Clara Brandão”.
Na
Biblioteca de Évora existem três cartas suas dirigidas ao arcebispo D. Joaquim de Santa Clara, pedindo-lhe protecção
para a sua obra.
LEOPOLDO AUGUSTO DE CARVALHO NUNES. O decano dos jornalistas portugueses nasceu
na antiga Rua dos Marmelos no dia 22 de Fevereiro de 1897, e faleceu no
Hospital de S. João de Deus a 4 de Janeiro de 1988.
Além de
jornalista, foi repórter, escritor, conferencista e benemérito. Fundou o
programa “Sol e Toiros” na antiga Emissora Nacional.
Foi
proclamado em Vila Franca
de Xira, no dia 23 de Novembro de 1941, “Ribatejano de Honra”. A Câmara Municipal
de Coruche elegeu-o em Setembro de 1945, por aclamação, “Cidadão Honorário de
Coruche”. Em 1965 recebeu o “Crachat de Ouro” dos Jornalistas. Recebeu em Maio
de 1982 a
“Medalha da Vila de Alcochete”.
Foi distinguido “Comendador de Mérito Civil de Espanha”,
Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica de Espanha”, “Comendador da Ordem do
Infante D. Henrique de Portugal” e “Grande Colar com Placa da Ordem de Santiago
de Espanha.
No dia 31
de Março de 2001, o Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo homenageou o Mestre,
descerrando na casa onde nasceu, uma placa alusiva.
ANTÓNIO
ALBERTO BANHA DE ANDRADE. Nasceu no Palácio de Valenças, junto ao
Castelo, a 3 de Setembro de 1915. Licenciado em filosofia pela Faculdade de
Filosofia de Braga e em
Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras da
Universidade Clássica de Lisboa, doutorou-se no ano da sua morte, em Ciências Históricas ,
nesta última instituição de ensino superior. Como especialista da Cultura
Portuguesa, Banha de Andrade publicou, a partir de 1943, 72 trabalhos, sendo 12
relacionadas com Montemor-o-Novo.
Fez o seu doutoramento em História pela
Universidade Clássica de Lisboa, com a nota de “Distinção e Louvor”, a mais
alta classificação universitária. Faleceu em 5 de Junho de 1982.
MANUEL JUSTINO FERREIRA. Nasceu a 18 de Setembro de 1928. Poeta, escritor,
músico, fadista, amador de teatro, e cronista na imprensa e na rádio. Escreveu
em 1950 o drama em 2 actos “O Perdão”, que foi representado na Sociedade
Carlista, na comemoração do seu 89.º aniversário, e inúmeros textos
carnavalescos, representados nas Sociedades Carlista e Pedrista.
Em
1967, a
Escola Industrial e Comercial de Estremoz realizou a nível nacional, entre
alunos de todas as escolas do país, uns jogos florais, nas seguintes modalidades:
Quadra, Conto e Poesia Livre. Manuel Justino, aluno do curso nocturno da escola
montemorense, arrebatou os três primeiros lugares. Em homenagem ao aluno, foi
colocada na escola uma lápide com a quadra vencedora:
EU À NOITE, ELE DE DIA / SEGUIMOS O MESMO TRILHO /
DOIS ESTUDANTES! QU’ ALEGRIA / SER COLEGA DO MEU FILHO!
Estas
foram algumas das facetas mais conhecidas de Manuel Justino.
No abismo mais profundo / Duma nova dimensão / Há mundos
dentro do mundo / Duma bola de sabão!
O poeta
estaria longe de pensar que este seria o seu último poema, escrito num
guardanapo de papel, à mesa de um café, no dia 19 de Maio, duas horas antes de
ser atingido pela síncope cardíaca. O motivo inspirador foi uma menina que,
perto de si, brincava com bolas de sabão. Faleceu no dia 28 de Outubro de 2002.
Numa atitude a
todos os títulos notável, o Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo, editou em
2004, o livro de poemas de Manuel Justino Ferreira, denominado “Poeta que
parte… Poemas que ficam”, que teve a colaboração dos habituais carolas: João
Luís Nabo, Manuel Filipe Vieira, José Alexandre Laboreiro e Leopoldo José
Gomes.
JOÃO CARLOS ALFACINHA DA SILVA. Nasceu a 24 de
Março de 1949. O escritor, que usou o pseudónimo “Alface” faleceu na madrugada
de 2 de Março, com 58 anos, vítima de acidente vascular cerebral ocorrido ao
participar, numa sessão da Culturgest sobre a sua obra. Jornalista e guionista,
revelou-se literalmente em 1977 com os “Lusíadas”, escrito de parceria com
Manuel da Silva Ramos, livro audacioso e irreverente, criticamente saudado por
Almeida Faria (outro excepcional escritor montemorense, felizmente pertencente
ao número dos vivos). Ambos assinaram outras ficções, “As noites do Papa Negro”
e “Beijinhos”. Mas, Alface teve uma extensa obra individual a partir de 1977:
Histórias
Juvenis da série “Família sem Mestre” – “Um Pai Porreiro Ganha Muito Dinheiro”
(1977, “Uma Mãe Porreira é Pra Vida Inteira” (1998), “Filhos Assim Dão Cabo de
Mim” (1999), “Avó Não Pise o Cocó” (2000) e “A Prima Fica Por Cima” (2001).
Livros
de Contos – “Cuidado com os Rapazes (1982), em que nos descreve alguns
episódios das suas aventuras infantis na Vila Notável, e nos trás à memória, a
imagem do guarda rios José Abrantes a ler o jornal, flutuando nas águas calmas
e cristalinas da saudosa Pintada, e “O Fim das Bichas” (1999).
Romance
– “Cá Vai Lisboa” (2004).
O
seu último livro foi “A Mais Nova Profissão do Mundo” (2006).
Numa
extensa entrevista a Maria João Seixas para o “Público”, esta perguntou-lhe:
Alface, diz-me quem és. O elitista respondeu: Hoje? Hoje, acho que sou o rapaz do
trapézio voador, uma atracção do circo; Sou um escritor, um desempregado de
longa duração. Nasci no Alentejo, em Montemor-o-Novo.
E
o Curvo Semedo? Estimado leitor, a vida e a obra de Belmiro Transtagano vai
preencher o “Vasculhar o passado” de Março do próximo ano, como homenagem aos
250 anos do seu nascimento.
Augusto Mesquita
Maio/2015
1 comentário:
Sem comentários: Sabedoria e bairrismo - duas valências muito importantes para quem fala da sua terra com amor!
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