quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ORELHUDOS DO CARAÇAS - Rubrica de A.N.B.

     I.        Andamos há uns tempos para evocar e falar, no Al tejo, de uma personagem bastante marcante e original no Alandroal. De seu nome (ou apelido) José Pedala, isto para não ser sempre o Domingos Cachamela,um músico inspirador e herói local da Restauração como é conhecido.
Quanto ao ´Zé Pedala´ vamos, desde já, adiantar que era uma pessoa muito inteligente, leitor de «clássicos», Explicador, arguto observador da vida social portuguesa e atento seguidor dos seus usos e costumes. Isto é, gostava muito de conviver à volta da fogueira e de uns bons copos de vinho tinto. Entornava-os com destreza e eficácia. Incorporavam a sua catarse.
Além disso, cantava bem, claro que não estava predisposto para dançar coisa que se visse e era, na realidade, um baterista de primeira qualidade, com a batida e os ritmos adequados, por exemplo, do tango  e/ou do baião. E outras composições como o fado que também cantava bem.

       II.   Vejamos agora o José Gonçalves (salvo erro…) pelo seu lado humano e criativo.
Como cristão, tinha uma confessa leitura crística da vida, discordava das injustiças sociais, e sendo leitor assíduo da Bíblia, duvidava um tanto do justo e omnipresente papel de Deus.
Sem ser ateu era um tanto agnóstico face até às suas debilidades físicas que, por vezes, demasiadas vezes, o encerravam em casa, à entrada da Rua da SARA.
Sabemos, por outro lado, que teve os seus sonhos e as suas veleidades literárias e que chegou mesmo (segundo informação preciosa do Sr. Francisco Manuel) à autoria de uma obra literária com o título “ Eucalipto à beira da estrada”.
Não chegámos a conhecer esta obra e, portanto, não vamos estar aqui a aferir da sua qualidade de escrita e da mensagem. Mas, por certo, algum valor devia ou ainda deve ter vinda da parte de “um castigado humanista ” próximo dos neorealistas. Mais do que aquilo que, alguma vez, por certo mereceria da parte de deus todo misericordioso. Se assim o fosse com ele!
Mas, onde mais sobressaía o talento do Zé Pedala, era nas incursões e nas suas máximas políticas com um profundo alcance social no tempo que, então, vivíamos no país e no Alandroal. Neste sentido, diria mesmo, que era um visionário. Lembramo-nos perfeitamente de uma sua máxima apriorística que, em toda a sua profundidade analítica, se veio e está a revelar certeiramente ajustada na actualidade.
Dizia ele: “ que estávamos a ser invadidos pelo Sul e evacuados pelo norte”. Verificando agora esta afirmação, confirma-se que tinha toda a razão. Tanto em relação ao mundo actual, como à Europa passando até pelo Alandroal.
Se não é assim, vejam se não foi do sul do nosso Concelho que vieram mais melros presidentes  de Câmara? Vejam de onde é o Cavaco? Vejam, se não foi do Sul que veio também este Passos Coelho? Etc.

III.        Para finalizar vamos acrescentar que tanto nós como o Al tejo perdemos o rasto do Zé
Pedala. Mas se lhe perdemos o rasto, não lhe perdemos a admiração pela sua criatividade e at
pelo seu exemplo e duro modo de vida.
Deus não lhe foi bondoso; a vida nunca lhe foi fácil, os meios dignos de vida talvez nunca lhe
tenham caído do céu, mas o que hoje, aqui e agora, quero expressar e deixar bem dito em nome,
julgo eu do Alandroal, do Al tejo e, de todos os que gostaram e conviveram com ele, é qu
sempre o vimos como “Um Grande Homem” com uma «alma e mística» de alandroalense ainda
maior.
Não querendo aqui fazer epitáfios totalmente descabidos e, tanto quanto sabemos, acabou e foi ele mesmo “evacuado para norte” (para S. Iria da Azóia?) onde se - por felicidade nossa - este escrito lhe chegasse com ele ainda vivo, ou alguém da sua família o ler, tornaria a todos os Visitantes do Al tejo, um tanto mais felizes.
A todos os Visitantes, a todos os alandroalenses e a todos nós, os sulistas solidários deste infeliz e naufragado mundo mediterrânico.
E não só. Porque ainda há muito mais Sul para contar em Portugal e no Mundo à vista dos “Orelhudos do Caraças”.
A tal nossa bela tapada onde continuam habitar certos fantasmas e o rosário de novas «formas do caraças» …
     Melhores Saudações

    António Neves Berbém
   ( 29/1/2015)


3 comentários:

Anónimo disse...

Eucaliptos á beira da estrada, era da autoria do João Noturno.

francisco tátá disse...

Deve ter razão. O erro é meu. Já passaram muitos anos.
Chico Manuel

Anónimo disse...

... mais «melros» presidentes de Câmara?
Não vá por aí (ainda que escamoteadamente) e não insista mais senhor berbens.
Fácil leitura, de entre as linhas.
Ao demais, o que entre as linhas escreveu, não assenta bem na sua cátedra académica e internacionalista.
... aflora apelidos e +
E os + de 500 km2 são o espaço universal e geográfico do Concelho DO Alandroal, que não só da Vila do Alandroal.
Entendamo-nos, a bom termo.

Boa noite