terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRONICA DO DR. MANUEL INÁCIO PESTANA – XXI

No inicio dos anos 90 do passado século, era editado no Alandroal o “JORNAL DA BOA NOVA”
Era o mesmo apresentado como Boletim Paroquial do Concelho do Alandroal, e teve como fundadores o P. Manuel Botelho e o P. António Santos, continuado pelo P. João Canha. Ainda tive na altura o privilégio de ver alguns textos meus serem publicados no referido mensário.
Alem das notícias referentes a todo o Concelho do Alandroal, e à sua vida paroquial, incluía o mesmo, sempre a fechar, uma Crónica da autoria do saudoso Dr. Manuel Inácio Pestana.
O Dr. Manuel Inácio Pestana, figura grande da gente alandroalense e que bem alto levou o nome da terra que o viu nascer e crescer.
Nunca é demais relembrar que legou todo o seu espólio literário à Biblioteca Municipal assim como nunca deverá ser esquecido de exigir de quem de direito a conservação e o dever de o facultar a quem interessado.

Rebuscando alguns exemplares do Jornal da Boa Nova, propomo-nos relembrar algumas das Crónicas inseridas no mesmo da autoria do Dr. Manuel I. Pestana, que nos recordam tempos, locais e hábitos, dum Alandroal remoto, não deixando de equacionar algumas questões pertinentes.

Chico Manuel

ÚLTIMA CRÓNICA:
                                                      «ALANDROAL, MINHA PÁTRIA»

                                                              A Banda mais antiga do Alentejo

Assim designava o saudoso historiador Túlio Espanca (“Inventário Artístico do Distrito de Évora – Zona Sul”, pág 730) a Banda Municipal do Alandroal, inicialmente designada Filarmónica.
Refere  este autor que a briosa filarmónica do Alandroal se ficou a dever á iniciativa de Francisco António Franco (que viveu entre 1796 e 1883), mestre de música e cantor da Real Capela de Vila Viçosa e ao eborense José Maria Morte.
Notáveis músicos foram estes. O primeiro admitido no antigo Real Colégio dos Reis, de Vila Viçosa terra onde nasceu.
Quando tinha apenas 8 anos de idade, depressa revelou o seu génio musical e especial vocação para o canto. Tornou-se, assim, mais tarde um mestre consagrado, ensinando meninos das primeiras letras, chegando a ser professor de música do Padre Joaquim da Rocha Espanca, o notável autor das “Memórias de Vila Viçosa” que igualmente se tornou musico e compositor.
Francisco Franco, que é lembrado na toponímia Calipolense na Travessa do Franco, local onde residiu num prédio que faz esquina do lado norte da Rua das Vaqueiras, actual Rua Câmara Pestana), viveu durante cerca de 9 anos na nossa vila, em exílio por ser miguelista, e foi então que com o músico José Maria Morte, fundou a nossa vetusta banda alandroalense, o que deve ter acontecido nos primeiros tempos do seu exílio, isto é, em 1834 ou 1835, merecendo, pois, pela obra que aqui deixou, a melhor das homenagens dos alandroalenses á sua memória.
Da história da música, nesta boa terra de vocações artísticas, bom seria que quem ainda possa ter memória antiga  da filarmónica ou filarmónicas que houve no Alandroal desse delas as melhores notícias. Aguardemos.
A bem da nossa terra e das nossas tradições.

Manuel Inácio Pestana
Publicado no Jornal Boa Nova  em Abril de 1999

1 comentário:

Anónimo disse...

Não referiram, Joaquim Espanca (porque "extra folhas" dos seus manuscritos); Túlio Espanca (porque em distinta época "inventariou") e, menos, Manuel I. Pestana "lírico Alandroalense"...a existência da SEGUNDA BANDA.

Com TODA a admiração pelo seu INVEJÁVEL trabalho guardei muitos relatos, de pessoas agora inexistentes entre vivos, acerca de CONFRONTOS com as duas bandas, dos seus edifícios-sedes, dos estandartes representativos que lá guardavam (empunhei alguns/1954), E QUE NENHUM DELES REFERIU.

"Deste conhecimento" não farei silêncio (a menos que a vida me silencie breve!!!). Mas vou teimar em TRANSMITI-LO...gratuitamente.

Reminiscências do LENDO E CONVERSANDO da nossa Rádio Local dos anos 80?

Porque não?

Abraços e...até lá.

Tói da Dadinha